O Brasil, Santa Catarina e a renovação
Diante do descrédito da classe política brasileira, manchada pelas constantes denúncias de corrupção e pelo mau uso do dinheiro público, uma palavra ganha força no cenário eleitoral do país e surge quase como uma necessidade: renovação. Embora ela já esteja na ponta da língua da maioria dos que almejam um cargo eletivo em outubro, a palavrinha mencionada vai além de novos nomes e rostos no duelo por cadeiras públicas: o que estará sob a análise dos eleitores que forem às urnas é a postura inovadora. O que você, candidato, propõe de novo ao país que possibilite resultados práticos e que transcenda ao discurso ideológico e político?
Hoje, para a maioria dos brasileiros, as respostas dadas a esta pergunta estão longe de convencê-la a apertar o botão verde nas urnas. Os números da pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva/Ideia Big Data para o projeto de capacitação de novas lideranças criado em São Paulo, RenovaBR, do qual faço parte ao lado de outros cinco catarinenses, são prova disso.
A pesquisa quantitativa online, realizada de 24 a 26 de janeiro de 2018, com 1.500 pessoas acima de 18 anos em todo o Brasil mostra que 96% dos brasileiros não se sentem representados pelos políticos em exercício e 97% acreditam que é preciso ter renovação na política. Ainda, 78% dizem que não votariam em um político que esteja exercendo mandato parlamentar atualmente e 74% acreditam que a própria população é quem mais tem condições de promover a renovação na política.
Todos esses números estarão em debate nesta quarta-feira, às 19h30, no auditório da Udesc, em Florianópolis, durante a Caravana da Renovação, evento organizado pelo RenovaBr e encabeçado pelos seis catarinenses participantes do programa. O debate se faz necessário no Estado que teve 32% de renovação no pleito de 2014 e que vê 90% dos deputados com pretensões de reeleição neste ano.
Se a renovação é uma cobrança, o papel dos candidatos em 2018, porém, será o de convencer as pessoas de que ainda vale a pena acreditar, de que vale a pena votar. Para isso, no entanto, é necessário muito mais que a filiação partidária, o número na urna e um discurso pronto.
*Leonardo Secchi – professor de Administração Pública e Pró-Reitor de Planejamento da UDESC, com Doutorado em Ciências Políticas pela Universidade de Milão, Itália, e Pós-Doutorado em Políticas Públicas pela Universidade de Wisconsin – Madison, Estados Unidos.
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